Foto: Charles Guerra (Arquivo Diário)
Desde 2007 os supermercados não abrem em Santa Maria aos domingos. Está para ser assinada, nos próximos dias, a nova convenção coletiva de trabalho entre patrões e empregados que restringe a abertura dos supermercados aos domingos e feriados. A medida valerá até junho de 2020.
A regra vai para seu 11º ano sem que nada se tenha avançado nas negociações sindicais. Ao contrário, as negociações retrocederam nesse período, ao menos sob o ponto de vista do consumidor. Quando a medida foi adotada, os mercados abriam um domingo por mês pela manhã e fechavam as portas às 13h. Com o tempo, esse domingo foi suprimido. E o horário de abertura em datas especiais, em que a convenção permite o funcionamento, foi reduzido para as 12h30min.
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Até agora, são mais de 500 domingos de portas fechadas. Até 2020, serão mais de 600. Nem mesmo a opinião dos consumidores da cidade, que preferem a liberdade de dia para comprar, consegue sensibilizar o setor. Em recente pesquisa da Faculdade Integrada de Santa Maria (Fisma), 64% dos santa-marienses ouvidos disseram ser a favor da abertura dos supermercados aos domingos.
Falar em supermercado aos domingos na cidade virou tabu. Lá no início, a Cacism até tentou convencer os empresários do setor a manter o funcionamento, como vinha ocorrendo desde os anos 1990. Em qualquer grande cidade do país, abrir supermercados aos domingos e feriados é tão normal que poucas discutem mudar essa cultura. Algumas até tentam, mas a proposta raramente prospera.
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Em Santa Maria é diferente. Estranho ser assim somente com os mercados. Com as lojas, a situação é outra. O recente acordo entre comerciários e lojistas define um calendário de abertura das lojas em alguns feriados até o final do ano. Em condições normais, o comércio pode abrir aos domingos, mas não nos feriados.
Para os lojistas, o atual acordo é visto como uma evolução, principalmente para os shoppings, que poderão aproveitar o grande movimento de consumidores durante os feriados na cidade com as lojas abertas.
OS TRABALHADORES
É preciso ficar claro que o Sindicato dos Comerciários está no seu legítimo papel de defender o interesse dos trabalhadores, tanto das lojas quanto dos supermercados. É óbvio que, se depender dos empregados, até mesmo o horário de funcionamento poderia ser menor e os salários, maiores.
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Mas a economia não funciona assim. É preciso haver diálogo para se chegar ao meio termo, que seja bom para todos os lados. É assim em qualquer atividade.
Não é possível afirmar que o fechamento aos domingos seja prejudicial ou que a abertura seja benéfica aos mercados e trabalhadores. Mas é possível afirmar que restringir estabelecimentos comerciais de funcionarem aos domingos e feriados é, sim, um retrocesso.
Só quem perde, mesmo, são os consumidores e a economia local.